RPG é a sigla para Rople Playing Game (Jogo
de Interpretação de Personagem). Joga no Google que vão explicar
(excluindo tratametos de postura que custam caro demais pra quem caga
pra isso e fica torto no computador 24 horas). Também usado para
designar alguns jogos eletrônicos, há outra forma de jogar, que já foi
muito popular e acho que tá voltando a ser.

O RPG eletrônico, esse de videogame ou computador, segue um padrão que veio do RPG de mesa
(ou de papel): personagens com várias opções de classe, capacidade de
distribuir pontos ganhos com experiência em habilidades e
características especializadas para torna-lo único, e muita, muita interação com outros jogadores.
No RPG de mesa, não temos monitores de 32″ e não usamos teclados ou
joysticks. Com alguns dados (alguns com 4 ou até 20 faces), lápis,
papel, borracha, um manual e uma cozinha espaçosa abastecida com comida
até não conseguir fechar as portas (que vai acabar antes mesmo da
primeira jornada ter fim), é possível brincar de imaginar masmorras,
guerras, invasões alienígenas, ruas cyberpunks, manipulações políticas
por vampiros e lobisomens e o que mais a mente dos jogadores permitir,
claro que dentro da temática do jogo.
QUAL É A GRAÇA DESSA MERDA?
Teatro. Quando você desenvolve a personagem (uma das partes mais divertidas, é viciante que nem The Sims),
você cria uma vida. Imagina a história dela, as tendências, fecha todo
um comportamento que DEVE ser posto em prática dentro do jogo! Se você é vegetariano mas seu personagem é um canibal sádico, dentro do jogo você DEVE agir como um canibal sádico!
Dificilmente um canibal sádico teria pena, remorso ou se importaria com
a quantidade de pessoas que teria de matar pra satisfazer sua
necessidade, mesmo que você, jogador, pense o extremo contrário.

A possibilidade de viver diversas vidas, de maneiras diferentes, em
dimensões diferentes e com seus amigos, cara, é impagável! A capacidade
imaginativa evolui com o tempo, como se você estivesse lendo um livro e
recriando as cenas em sua mente. A diferença é que você é o personagem principal, você vai estar na pele de quem vive todas as aventuras!
COMO SE JOGA ESSA BOSTA?
Então, primeiro você vai ter que se reunir com seus amiguénhos e decidir
que tipo de jogo vão querer. Opções são muitas, indo do clássico “masmorras, dragões e feiticeiros” a cenários onde você é um hacker-acrobata com implantes cibernéticos vivendo num universo de tecnologia mais alta do que fã do Charlie Brown
depois de fumar maconha, tendo que combater o tráfico de cupcakes em
forma de pokémon retrô dos anos 90 levados como reféns por ursos com
patas de gancho, boca de gorila e crina de cavalo. É só escolher.
O MESTRE
Depois de escolhido o cenário, vocês vão eleger o Mestre. No RPG, o Mestre funciona como o videogame: ele vai narraR a linha da história, controlar os NPCs (Non-Player Character,
personagens não controlados pelos jogadores como a cigana da praça ou
os inimigos), descrever ambientes, climas e o que os
jogadores/personagens estão vendo, para assim poderem agir livremente
(dentro das capacidades das personagens) e influenciarem todo o rumo
dessa história.
O Mestre é como um deus, que vai criar o universo onde os jogadores vão
viver. Mas não se engane! Apesar de todo o poder, o Mestre não deveria
jogar CONTRA os jogadores, isso é bobo. O cara tem que entender
que ele é apenas um dado, o acaso, que vai fazer com que as coisas
funcionem dentro do enredo. Nada de fazer um Behemoth matar todo mundo de uma vez, seu safado escroto!

O SISTEMA
Mas como vamos lutar? Como vamos saber se arrancamos as tripas daquela
aranha gigante? Como saber se conseguimos hackear as contas bancárias
protegidas? Como saberemos se estamos vivos?!
Calma. Pra isso é usado o sistema de jogo, um compêndio de regras
e mecânicas que vão deixar o jogo justo pra todo mundo. É, porque você
vai querer calcular quanto de dano recebeu de uma espadada ou se
conseguiu bloquear o golpe. Ou se conseguiu pular até a beirada do
precipício quando a ponte apodrecida por qual você passava ruiu sob seus
pés de repente.
O sistema não deixa ninguém dizer que o Mestre está ajudando ou fodendo
com alguém, padronizando distribuição de pontos em habilidades e
mantendo a coerência da realidade do jogo dentro de si, sem roubos, sem
caos (ou sem muito caos, né) e sem personagens iniciais que sabem todos
os feitiços mais poderosos. Como no RPG eletrônico, é necessesário
limites.

Um sistema muito bom para iniciantes é o nacional 3D&T Alpha, que retornou há pouco tempo e pode ser comprado OU baixado de graça no site da editora Jambô. Ele é simples, bem explicativo e funciona para campanhas usando animes e histórias menos realistas. Já pensou em jogar no mundo de Naruto como um ninja ou ser um treinador Pokémon? 3D&T te oferece a possibilidade com o mínimo de complicação. Além de ser muito mais barato do que sistemas estrangeiros, pfvr.
Também temos clássicos como GURPS, Dungeons & Dragons (D&D) e seus filhos do sistema d20, Vampiro: A Máscara (mais adulto e sombrio a ponto de ter aviso para que o jogador saiba diferenciar a realidade da ficção) e muitos outros (nacionais também). Pesquise, leia artigos e escolha com seus amigos. Se ficar muito caro (alguns livros chegam a custar centenas de reais), por que não fazer uma vaquinha e deixar o livro com o Mestre da vez?
AINDA NÃO TE CONVENCI?
Olha, alguns dos melhores momentos do meu ensino fundamental passei sentado na sala de leitura com os amigos, a mesa cheia de papéis e livro coloridos. A gente tomando esporro por afinar a voz, rir alto, fazer gestos e tomar atitudes engraçadas dentro de um mundo que só a gente podia enxergar. É como ler, como disse antes, só que você vive na história que é contada (e que VAI SER modificada dependendo de seus atos).
Se gosta de filmes de ação e se imagina interpretando personagens neles, ou se gosta de ler, ou se gosta de quadrinhos ou só quer experimentar um tipo de jogo mais dinâmico e um pouco mais livre do digital, experimente o RPG de mesa.
Além de render ótimas histórias e piadas para serem contadas para o resto da vida, rende enredos que podem se transformar em livros (se gosta de escrever), quadrinhos (se gosta de desenhar) ou fragmentos para sua estréia como Mestre.
Acima de tudo, se o objetivo de todos for se divertir de forma saudável, te garanto que pelo menos uma vez por mês você vai querer aqueles restos de borracha assopradas afogando os pés da mesa enquanto os dados rolam por cima da madeira.
EVENTOS!
Não tem com quem jogar ou não quer gastar dinheiro antes de experimentar? Você pode ir pra um evento de RPG! Não tenho visto muitas mesas em eventos de anime, mas existem eventos diretamente ligados à esse jogo, como os encontros mensais no Bob’s Tijuca, ao lado do Off-Shopping e o RPG no Bob’s Campo Grande, tudo no Rio de Janeiro! Só entrar nos grupos e se manter informado!
Se você é de outros estados, entre no site da RedeRPG ou entre nos grupos acima e saia perguntando. Quem tem boca vai à Roma e isso pega muito mal se dito em voz alta.